À
proa dum navio de penedos,
A
navegar num doce mar de mosto,
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Capitão
no seu posto
De comando,
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S.
Leonardo vai sulcando
As ondas
Da eternidade,
Sem pressa de
chegar ao seu destino.
Ancorado e feliz
no cais humano,
É num antecipado
desengano
Que ruma em
direção ao cais divino.
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Lá
não terá socalcos
Nem vinhedos
Na menina dos
olhos deslumbrados;
Doiros desaguados
Serão charcos de
luz
Envelhecida;
Rasos, todos os
montes
Deixarão
prolongar os horizontes
Até onde se
extinga a cor da vida.
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Por isso, é
devagar que se aproxima
Da bem-aventurança.
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É
lentamente que o rabelo avança
Debaixo
dos seus pés de marinheiro.
E
cada hora a mais que gasta no
caminho
É um
sorvo a mais de cheiro
A
terra e a rosmaninho!
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S.
Leonardo de Galafura,
o deslumbramento do Douro
nas raízes profundas da
poesia, qual torga florida
na primavera dos socalcos.
Manuel
Maria
Curiosidade:
Neste
painel de azulejos, os dois
primeiros versos da segunda
estrofe não estão de acordo
com o original,
verificando-se uma inversão
dos termos:
Lá não
terá socalcos
Nem vinhedos
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